26/11/2009

Polícia ou Ladrão!

O relato que segue abaixo saiu terça, dia 24/11, no Blog do Ancelmo. É perfeito e ilustra bem o cotidiano carioca.

Cidade sem ética

Relato de um internauta (obviamente não identificado), que entristece os cariocas que sonham com uma cidade melhor, mais ética e, sobretudo, mais segura:

"Estava indo buscar para buscar minha esposa numa noite da semana passada (mais precisamente às 21:55h) quando fui abordado por uma viatura da PM dentro do Túnel Rebouças, sentido Zona Sul. Obviamente só parei lá fora, naquela agulha que desce para o Jardim Botânico. Primeiro pediram para abrir o porta-malas, depois pediram os documentos. Como não tenho o documento mais recente do carro porque tenho multa, e o Detran-RJ não deixa fazer vistoria anual com multa pendente, os dois policiais ficaram 20 minutos querendo me aterrorizar com a ameaça de que o carro teria que ser rebocado. Disseram já ter recolhido 50 e tantos carros em situações parecidas com a minha naquele dia. Que apesar de estarem em "Operação entorpecentes e armas", não podiam deixar de fazer o trabalho "documentacional" também. E que em alguns minutos começariam a "Operação Lei Seca".

Fiquei o tempo inteiro com a postura "ok, se tem que rebocar, fazer o quê? Só resta aguardar o
reboque do Detran".

Os dois começaram então aquele discurso de que ia sair caro pra mim, pois teria que pagar multa
pendente, o reboque, o pátio do Detran, etc. Ao menos não foram agressivos, pelo contrário. Falavam sempre como se quisessem "me ajudar" (como se eu não estivesse entendendo que ajuda era essa). Como não ofereci nada, um policial disse ao outro para "ligar para o capitão e solicitar o reboque". Ele se afastou simulando a ligação rádio do celular, num teatro visível.

Durante o tempo em que um policial estaria chamando o capitão/reboque, o outro ficava me perguntando onde eu morava, para onde estava indo, no que trabalhava, se tinha outro carro, etc. Depois de 20 minutos, um deles falou, antes de voltar para a viatura:

- Como podemos ver que o senhor é uma pessoa de bem, é melhor deixar pra lá, pois tomaria o nosso tempo e o seu.

O outro, então, lançou a isca:

- O que o senhor pode fazer pra gente evitar tudo isso?

Disse que não tinha o que fazer, porque estava quase sem dinheiro. Para provar, abri a carteira e mostrei os 15 reais que carregava. O policial fez uma cara de decepção (como eu já imaginava) e me mandou ir embora. Fiz o gesto de guardar o dinheiro de volta na carteira. E ele:

- Não, deixa pelo menos esse aí, então.

Depois me arrependi muito por ter mostrado o dinheiro e acabei sem ele."

Foto: Uma Surpresa Ambulante

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